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domingo, 16 de janeiro de 2022

CARTA ABERTA - 16/01/2022

 Já faz 2 anos e 3 meses, e, ainda assim, a saudade me arde por dentro. 

Noite passada e essa tarde sonhei contigo de novo pai, sei que está vindo me visitar, talvez sinta falta por aí também. 

É domingo, e, nessa tarde sonhei com nós: você, a mãe, o mano bem bebezinho e eu. Estávamos no fata e tinha uma menina muito chata no meu sonho. Acordei sedenta por perguntar pra mãe “quem era aquela menina que estava lá? Lá mãe, quando estava só nós, o pai e o mano pequeno”. 

Foi um choque de realidade que me percorreu, ela nunca lembraria desse dia, primeiro por ter sido só um sonho meu, e segundo, por ter se passado tanto tempo. O mano já tem 8 anos, não é mais um bebê, e você já não está mais aqui pai. 

Mas putz.. que tempo bom, eu daria tudo pra voltar nesse tempo, eu daria tudo pra te ter aqui mais uma vez, e, se não fosse prepotência demais minha, daria tudo pra te ter de volta de novo, pra sempre com a gente.

Passou tanta coisa pai, tantas coisas que eu gostaria de te contar, no mundo todo, na minha vida pessoal, no meu trabalho. 

Eu te contava tudo do meu trabalho, te contava meu dia de cabo a rabo e, no começo, confesso que foi bem difícil me acostumar a não ter você pra contar meu dia e as coisas engraçadas que aconteciam nele. 

Me senti perdida.

Me dói que o mano talvez não se lembre tanto de ti. Me dói que o mano tão novinho, não vai ter o paizão presente que eu tive. 

Mas ele ainda lembra pai, lembra das vezes que o pai jogou futebol com ele, lembra das vezes que o pai colocou ele no volante pra dirigir, lembra de algumas coisas que o pai falava, atitudes que tinha. 

Mas ele me pergunta tanto pai, ele me pergunta tanto alguns detalhes sobre ti, coisas bobas tipo “o pai gostava de aerofólio nos carros?” (kkkkkk) essa foi a última dele. E essas perguntas tento responder todas, mas elas me doem. 

Me dói saber que ele não vai ter isso de pai e filho contigo, que ele não teve tempo de ter essas conversas. Me dói saber que o pai não vai estar lá pra todas as caronas que ele vai precisar e eu juro que as que eu puder dar eu vou. 

Me doeu a formatura do prézinho dele que o pai não viu. 

Me doeu e me dói ainda toda vez que vejo ele andar com a moto dele tão bem como ele anda. O pai queria tanto isso e não viu ele andar. 

E vai me doer todos os próximos marcos da vida dele que o pai não estiver. E da minha também. Como me doeu, quando passei pra faculdade dos meus sonhos, ou quando 2 semestres depois ganhei bolsa pelo PROUNI. 

Pai como eu queria que o pai visse tudo isso.

Mas no fundo eu sei pai, você tinha que partir, era a hora. Você cumpriu o que tinha que cumprir aqui e, puxa! Que legal né, afinal, é o que estamos aguardando aqui, a hora de poder voltar. 

E eu sei o cara incrível que você era, não seria por menos que você voltaria tão cedo… 

Lembra pai quando chegávamos no assunto de “só gente do bem vai cedo”? E brincávamos falando que deveríamos fazer “umas maldades” pra poder ficar mais? 

Ríamos muito, mas, pois é pai, faltou as tuas maldades, talvez se tivesse começado a fazer ainda estaria aqui com a gente.

Será que seria muito egoísmo meu ainda te querer aqui? 

Eu realmente não sei, já que eu não sei o que acontece depois e, talvez ninguém saiba. 

Eu só sei que dói e dói pra caramba.

Um comentário:

  1. Como não se emocionar com um depoimento tão cheio de verdades.
    As pessoas são insubstituíveis, mas no que eu puder estar contigo, já sabes que estarei, SEMPRE.
    Te amo.
    ❤️🙏

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